Thursday, July 26, 2012

Caso 73







Quando ele viu, aquele incomodo olhar, nem quis acreditar, que vinha na sua direção. Levou dias a reparar, bem quis disfarçar, mas aquele olhar roubou-lhe atenção, pelo que apreciou o dom de tornar, num clique o seu falar, numa confusão total e confessou que só de imaginar, que a vai encontrar, lhe sobe a boca ao coração. E voltou a vê-la todos os dias, naquele mesmo sítio, onde vende rosas obscenamente bonitas, para se conseguir sustentar, porquanto, há um ano, desde os 16, vive sozinho, porque a sua mãe fugiu com um camionista zarolho e fedorento. Curiosamente o mesmo camionista com quem o pai fugiu ainda na sua terna infância.
Clementina – como se chamava a mãe de Hermenegildo – não fugiu com o camionista devido a uma paixão insensata; foi a vergonha que a fez romper com o passado e procurar a sorte em local incógnito. A vergonha de a sua empresa agrícola ser incapaz de fazer face às dividas, pelo que, doou ao filho uma casa e fugiu para nunca mais regressar.
Mas deixemo-nos de coisas tristes e regressemos à desconhecida por quem Hermenegildo se encantou. Passaram semanas até que ele conquistou a coragem de lhe dirigir uma palavra. Até ao dia, porque há sempre um dia, que por acaso quase sempre é de noite. Neste caso uma deslumbrante noite de lua cheia, em que ele se dirigiu a ela com uma rosa. E ela sorriu. Com um daqueles sorrisos que coro só de pensar. E nos dias seguintes falaram e falaram, e ela fala de ti, e fala do tempo e prolonga o momento, de um simples cumprimentar, fala do dia, fala da noite e ele sem saber o que responder, perdido no olhar dela. E ela era dona de uma loja onde fazia costuras, pequenos arranjos em roupa e outras coisas que se fazem neste tipo de lojas, sendo que, humildemente confesso, que não faço ideia, porque nunca entrei em nenhuma. Apenas sei que o negócio não devia ser grande coisa, porque ela cedeu a sua exploração a Asdrúbal, sem cuidar de avisar o seu senhorio, um trombudo somítico, que esteve preso por bater na mulher e fazer coisas feias ao gato.
Para pagar, Asdrúbal entregou-lhe dois títulos de crédito, com um aval do Ambrósio, sacados sobre o Banco Banco, propriedade da Santa Casa da Misericórdia, Lda, em que o gerente era a Nós gerimos sociedades, Lda, que tinham sido nomeados gerentes numa Assembleia marcada dez dias antes, numa reunião onde estiveram presentes quase todos os sócios, mas onde alguns deles, votaram de forma diferente à que se tinham obrigado num contrato assinado uns meses antes.
Mas regressemos ao pagamento: Asdrúbal entregou-lhe os supra citados títulos, um datado para hoje e outro para daqui a três meses; mas, como ela era garganeira, exigiu o pagamento imediatamente ao sacado. Que não pagou, por insuficiência de provisão. E ela ficou desesperada e pede-lhe consolo e auxilio.
Quid juris

Thursday, July 05, 2012

Caso 72


António João gritava mudo de uma indignação pueril! Sentia-se profundamente angustiado, agastado e muitos mais adjectivos que ele desconhecia o significado, mas por certo que significavam algo premente e com toda a certeza que ele se sentia assim. Ou não, porque isto dos sentimentos é sempre demasiado complexo para se entender. António João estava desempregado, esclarecemos, porquanto há substantivos que nenhum adjectivo é suficientemente forte para esclarecer! O seu antigo patrão, Juvenal, tinha sido vítima da conjuntura e de erros próprios e uma empresa antes próspera estava hoje impossibilitada de cumprir os seus compromissos; Juvenal, temeroso de perder tudo, colocou a sua casa em nomes dos filhos e os carros em nome da mãe.
Mas António João não era rapaz para deixar que a vida o derrubasse; logo que a conjuntura lhe roubou o emprego, dedicou-se à pintura e viveu uns meses a vender obras de arte. Como a sorte protege os audazes, decidiu abrir a galeria de arte com o nome “Galeria de Arte” onde vendia as obras de outros pintores. Para se identificar enquanto pintor usava a designação Magritto e para designar-se enquanto dono da galeria, Magritto, porque, ele tinha imensas virtudes, mas a imaginação não era prodigiosa.
Foram anos felizes para António, até que num fim de tarde de verão, numa daquelas tardes insuportavelmente quentes, teve um problema de coração: apaixonou-se. Por uma aluna de gestão de empresas cujo sorriso fez derreter o seu bruto coração; e logo que os recíprocos olhares se cruzaram, António percebeu que estava destruído.
Deixou de pintar, perdeu paciência para procurar novos artistas, perdeu acutilância nas vendas e assistiu de sorriso no rosto ao desmoronar de tudo o que construiu; quando as dívidas começaram a soterra-lo, vendeu a galeria a Edmundo, sem dizer a ninguém, nem sequer ao senhorio.
Quando chegou a casa, comprou uma bimby, a uma vizinha que lhe tinha pedido para usar a casa dele para uma demostração. Ou pelo menos, eu acho que foi uma bimby, que sou um rapaz conservador e percebo pouco de modernices. Tal como António, que uma semana depois já estava mais arrependido do que os portugueses que compraram bilhete para a final do campeonato de europa.
Quando António vendeu a empresa a Edmundo, entregou-lhe um documento, onde ordenava ao Banco o pagamento, sendo que, Anicleto, era garante do pagamento; acontece que, Asdrubal ao ver o documento, falsificou a assinatura do tomador e endossou o título para si, depois transmitiu-o para o ingénuo Bernardo Maria, que está aflito de preocupação, após o pagamento lhe ter sido recusado, por falta de provisão.
Quid Juris

Caso 71


João António gritava mudo de uma indignação pueril! Sentia-se profundamente angustiado, agastado e muitos mais adjectivos que ele desconhecia o significado, mas por certo que significavam algo premente e com toda a certeza que ele se sentia assim. Ou não, porque isto dos sentimentos é sempre demasiado complexo para se entender. João António estava desempregado, esclarecemos, porquanto há substantivos que nenhum adjectivo é suficientemente forte para esclarecer! O antigo patrão de João tinha gasto todo o seu dinheiro em álcool e mulheres malucas e a sua empresa deixou de honrar os seus compromissos, deixando arrastar dívidas; as coisas ainda pioraram quando o antigo patrão de João vendeu dois imóveis a uma dessas mulheres malucas, por um valor obscenamente baixo.
Mas João António não era rapaz para deixar que a vida o derrubasse; logo que a conjuntura lhe roubou o emprego, foi ao centro da europa três vezes, para três vezes comprar carros, que revendeu cá com lucro; cansado das viagens, dedicou-se ao mundo das reparações e montou uma empresa de reparações ao domicílio; a empresa era designada por “Faço Maravilhas na Sua Casa” e João designava-se de “Tenho um jeito para trabalhos manuais que o vai deixar em êxtase”. A empresa localizava-se num armazém, com uma renda tão barata que fazia rir trombudos! Os negócios floresciam, mas João sentia-se entristecer, porque carregava consigo um segredo que o consumia e roubava o sorriso; estava apaixonado por um rapaz de gestão e escondia do mundo esse amor, pelo preconceito estupido de quem vê na diferença um defeito. Um dia, depois de uma tarde de amor em que era suposto estudar Direito, decidiram fugir e viver para um sítio paradisíaco; para conseguirem dinheiro, João vendeu a sua empresa a Ernesto, sendo que, cedeu os direitos no contrato de locação a Asdrubalino, para desgosto do seu senhorio.
Para comemorarem a decisão, João foi ao site www.kualkerkoisa.kom e comprou uma roupa toda em licra, linda de morrer, para oferecer ao seu amado; após usar um ou dois dias, decidiram que era melhor devolver a roupa, porque aquele era um tom de cor-de-rosa, absolutamente fora de moda.
Quando João vendeu a empresa a Ernesto, este entregou-lhe um documento, onde se obrigava ao pagamento de uma quantia a determinar, após uma auditoria, que iria estabelecer o valor final do negócio, sendo que, Anicleto, era garante do pagamento; acontece que, o maroto do aluno de gestão, ao ver o documento, falsificou a assinatura do namorado e endossou o título para si, depois transmitiu-o para o ingénuo Bernardo Maria, colocando no documento um valor muitíssimo acima do combinado. Bernardo, está aflito de preocupação questionando a validade do documento, quem são os seus devedores e qual o montante em dívida.
Quid Juris

Friday, June 29, 2012

Caso 70


Carina Alexandra é uma petiza amorosa, que esconde sobre um olhar intimidante um terno coração de ouro, uma postura angelical e inocente na vida, crente que o seu semelhante procura o bem, a paz e a fraternidade, o amor, os passarinhos, as pessoas felizes e os pratos tradicionais mediterrânicos, com excepção da paelha, por razões que são tão óbvias que até assustam, enfim, uma criatura amorosa que acredita que o Pai Natal vem com o coelhinho de comboio para circo.
Depois de anos num convento, onde se escondeu para carpir mágoas e vivenciar a sua catarse, cruzou-se com o sensual Xico Tuga, o Casanova da Planície e o seu coração galopou como égua assustada, sentiu-se inebriado num sentimento novo que desconhecia e entregou-se a uma paixão mais forte que ela, quebrou as amarras que a prendiam ao divino, para se entregar ao carnal; porque uma miúda não vive apenas de amor, dedicava-se a vender bolos conventuais, para os melhores restaurantes regionais, que fazia em sua casa e denominada de “divinos pecados”.
 Como os bolos eram ainda melhores que uma noite fresca de luar sobre dias quentes, Xico Tuga, persuadiu-a, entre outras coisas que me ficariam mal contar, a dedicar-se ao catering; para tanto criaram a “Se não gostas de bolos és florzinha, Lda”, com o capital social de 4000 euros, dividido em partes iguais, entre o casal, sendo que a sede uma um lindo e decrépito palácio, propriedade de Armandinho, com quem fizeram um contrato de locação. Porque ambos abominavam papéis, convidaram para gerente Ildefonso, analfabeto, mas um amor de pessoa. Meses depois, para adquirirem um carro para o transporte das mercadorias, os sócios reuniram num café e deliberaram que cada um deles iria entregar mais 12,500 Euros à sociedade, sendo que, o malandro do Xico, nunca o fez. Ainda por cima, o malandro do Ildefonso, em vez de comprar o carro de mercadorias, comprou um descapotável, na expectativa de ficar sensual e conseguir o afecto carnal das mulheres dos outros.
Mas fez outras coisas, nomeadamente, dois filhos a Carina Alexandra, que se chamariam Hermenegilda e Hermenegildo, em homenagem ao padre da paróquia, que, dizem as más línguas, coisas que por pudor aqui não repito.
Os negócios só não correram melhor porque a maléfica Cinderela era dona de uma empresa concorrente e começou a vender os seus serviços com um preço inferior ao seu custo.
Mas o sonho esvaneceu-se numa noite de verão: ao regressar inusitadamente a casa, encontrou Xico Tuga a comer um brigadeiro que não era seu, nos braços desnudas da invejosa Doroteia, judas na pele de amiga, que por mesquinha inveja tinha arrastado Xico para o pecado. Carina decidiu nesse dia alienar tudo a Ermelinda, por documento escrito, sem nada dizer a ninguém e regressou ao convento, onde nunca mais pronunciou uma palavra!
Quid Juris

Thursday, February 16, 2012

Caso 69

Joaquim Sassa era o tipo de homem que se recusava a usar blusa de gola alta, porque adorava conversar com os seus botões; a manhã acordou-o desprotegido, cogitando sobre coisas impassíveis de uma racionalidade lógica, mistérios complexos da mente humana que nos roubam as palavras e repousam na incredulidade! Mas adiante, porque continuar é preciso… 

Sassa vivia frugalmente com os amplos rendimentos da venda dos seus romances bem como da produção e venda de presuntos e enchidos alentejanos, que denominava de serpenses. Era um homem feliz na sua solidão, embora, nos seus pecados íntimos escondesse o doce pecado da gula, no caso, um terrível feitiço por mulheres de olhares penetrantes, que o encantavam e depois o desgraçavam, nas ruelas da sua vida! 

E, porque o destino é o desgostoso fado da reincidência bruta, como outras vezes, quando os olhos dele se cruzaram nos olhos de Joana Carda, sentiu-se desventurado, feliz na sua desgraça, outra vez apaixonado; Carda era dona e legítima proprietária do café central, conhecido por refúgio da coitadinha de uma aldeia vizinha, onde Sassa se tinha deslocado para uma tertúlia gastronómica, acompanhada por néctar alentejano. Ciente da sua desgraça, Sassa declarou-se, prometeu-lhe um amor eterno pelo tempo que durasse e fez-lhe a irrecusável proposta de irem os dois viver um ano, para as praias quentes da Republica Dominicana, a expensas dele, porquanto, basta olhar para uma foto, para perceber o que ela gosta nele. Mas enfim, deixemos que cada uma construa a cama onde se deita!

Partiram dois dias depois; pelo meio ela fez um contrato com José Anaiço onde este se comprometia a explorar o café durante a ausência dela, sendo que, Maria Guavaira, dono do imóvel onde estava o café, ficou na mais completa e silenciosa ignorância!
O pagamento foi feito com um cheque, cujo pagamento foi garantido por Adalberto, datado de 30 de Março; porque faltavam apurar as existências, o valor estava omisso. Carda, aproveitou esse facto, colocou num cheque um valor muito acima do acordado e transmitiu-o a Genoveva que, um mês antes da data que estava no cheque, depositou-o! Mas a infelicidade bateu-lhe na porta e o cheque, para desespero dela, estava despido de provisão.

Tuesday, February 07, 2012

Caso 68


Era uma vez um lobo mau. As pessoas questionam muitas vezes porque é que as histórias começam por “era uma vez”, mas, esquecem-se que a razão é óbvia, ou seja, ninguém poderia escrever um texto cujo início fosse “eram duas vezes um lobo mau”! Excepto se o autor das linhas estivessem alcoolizado o que lhe provavelmente justificaria que estivesse a ver duas vezes o mesmo lobo. Mas, seja uma ou duas vezes, a verdade nua, crua e bruta é que o lobo mau era o chefe da floresta, uma espécie de Zé Camarinha do bosque, o zeloso zelador da mata, um apaixonado pela homogeneidade, que obriga as árvores a terem todos o mesmo tamanho, as mesmas folhas com o mesmo tom, cortando aquelas que se destacavam no horizonte! Admite-se que o comportamento do lobo mau está relacionado com o fato de passar o dia a perseguir a Capuchinho Vermelho e no fim da história comer a avozinha!
Um destes dias a Branca de Neve sentou-se exausta num banco de madeira, queixando-se da vida e dos impostos, agastada com o aumento do IVA, que lhe ia destruir o negócio: como o meu bom aluno sabe, a Branca tinha sete putos para alimentar, pelo que, para ganhar dinheiro, fazia na sua cozinha um deliciosos bolos conventuais alentejanos, que vendia para os melhores restaurantes da região, sendo que, os bolos eram designados por “deliciosos bolos conventuais alentejanos”.
Mas, mais que o IVA, o que inquinava a alegria da Branca de Neve era a labreguinha da Capucinho Vermelho, uma verdadeira sonsa, que o meu bom discente me permite o adjectivo, que, não apenas lhe roubou o namorado, como abriu uma casa de chá onde também servia doces alentejanos. A casa de chá situava-se numa retrosaria centenária, que o Pato Donaldo trespassou para o Capucinho Vermelho, sem cuidar de avisar o Tio Patinhas, esse terrível sovina que era o dono do imóvel. A casa de chá denominava-se de Antro das Calorias e ela para se identificar usava a expressão Gosto mais de ti do que de espinafres!
No dia da abertura ao público da casa de chá, a Capuchinho Vermelho ficou tão feliz, que foi passar um fim-de-semana de férias a Barcelona com o Gato das Botas, para fazer coisas que não posso contar confessar num teste, porquanto, sou rapaz tímido e porque não acho que se deva comentar em público as badalhoquices que fazem em privado! Nesta viagem gastou os bilhetes de avião, a estadia no hotel, comprou um ipad e uns comprimidos para a dor de cabeça.
Quando regressou, Capuchinho quis comprar o novo Beetle, convencida que desta forma conseguia que o Pato Donaldo se apaixonasse por ela; para tanto, entregou à empresa que lhe vendeu o carro um documento, cujo pagamento era garantido pela sua prima, a Bela Adormecida, em que se comprometia a pagar uma quantia a determinar posteriormente, porquanto, ela quis todos os extra possíveis para embelezar ainda mais o carro!  O drama é que o dono do Stand, Gato das Bocas, tinha uma relação extraconjugal com o Pica Pau Amarelo, pelo que, combinaram, transmitir-lhe o título após apor-lhe o dobro do valor acordado. Enquanto festejavam, embriagados, apareceu o Coelhinho e depois de os levar de comboio ao circo, roubou-lhes o título, falsificou a devida assinatura e transmitiu-o à ingénua Barbie que, confusa com tanto nome, não faz a menor ideia de quem lhe deve pagar aquele valor.
Enquanto isso, algures nesta obscura floresta, alguns animais procuravam ser sérios no seu trabalho… 

Caso 67


Leopoldina estava à janela com o seu cabelo à lua, enquanto Jesuíno a contemplava e lhe dizia que não se ia embora sem uma prenda dela, sem uma prenda sua. Leopoldina depois de anos a perseguir rapazes fogosos e musculados, daqueles que concorrem aos reality shows e deixam o mulherio possuído, tinha decidido apaixonar-se pelo supra citado Jesuíno, seus ex-padrasto. Para ser sincero, porque só se deve mentir a mulheres bonitas, Jesuíno tinha sido casado com a sua avó, pelo que, nunca tinha sido padrasto; acontece que, há uns anos, casada de ser filha da mãe, Leopoldina tinha resolvido ser filha da avó.
Jesuíno sustentava os caros vícios da sua amada, com os lucros do seu restaurante marítimo, ou seja, um barco quase do tamanho daquele italiano que emborcou de lado, onde servia comia sushi alentejano, acompanhado por queijos e vinhos, ao som de música rupestre. Identificava-se com a expressão “ai se eu te pego”, sendo que, o barco era denominado com “é o bicho é o bicho, eu vou-te pegar, eu vou”!
Enquanto isso, Leopoldina era artista: pintava e vendia quadros horrorosos de mulheres feias despidas; com os lucros das vendas foi fazer um curso de pintura a Paris, ou, pelo menos, assim acreditou Jesuíno e, quem sou eu, para duvidar das mentiras alheias.
Jesuíno tinha ainda um outro restaurante, em Serpa, a terra alentejana onde se come melhor, uma espécie de fast-food para comida lenta, embora, entre o barco e a Leopoldina, estava consumido de tempo, pelo que, celebrou um contrato com a Capucinho Vermelho do outro caso prático, em que esta se comprometia a explorar o restaurante por dois anos, com opção por outros dois, para desgosto do Zorro, um tipo esquisito que andava sempre de preto, que, dono daquele imóvel, desejava ser dono do restaurante. Aliás, quando uma daquelas vizinhas coscuvilheiras que há em todas as ruas, prédios e escolas lhe contou, teve um ataque de fúria e chorou cinco dias e cinco noites, como no romance.
O pagamento foi feito com um documento através do qual Capucinho se comprometia a pagar a Jesuíno, 15.000 euros no dia 29 de Fevereiro; Cinderela garantiu o pagamento do valor em caso de inadimplemento. A marota da Leopoldina, após amarrar Jesuíno, furtou-lhe o documento e transmitiu-o à sua amiga Popota, que, posteriormente, o usou para pagar à Clinica onde fez várias operações plásticas para perder 100 quilos entre dois natais. Como Capucinho fugiu para as Berlengas a Clinica está furibunda! E já dizia Platão, devemos ter cuidados com cirurgiões porque eles têm objectos esquisitos que cortam! 

Caso 66


Cinderela depois de anos e anos a experimentar sapatos e a beijar sapos, percebeu que essa história do príncipe encantado era um mito urbano, inventado por pessoas que não posso dizer quem são, por razões que não posso dizer quais são, pelo que, olhou-se ao espelho, teve consigo mesma uma conversa intimista e, percebendo que a sua única qualidade era a beleza óbvia de quem usa pouca roupa, decidiu casar com um velho e assegurar o futuro. E foi assim que se apaixonou pelo Padre Amaro, apelido de um empresário local, que tinha passado anos de Seminário.
O Padre Amaro tinha um call center, que prestava serviços para outras empresas, nacionais e portugueses. O call center era denominado de Como o macaco gosta de banana eu gosto de ti, sendo que era propriedade da Eu tenho dois Amores, Lda, a qual tinha como sócios o Padre Amaro que tinha entrado com 3000 Euros, Felisberta Loira que tinha entrado com 500 Euros, e Adalberta Morena, que tinha entrado com outros 500 euros. Quando Amaro quis abrir uma outra empresa, elas que eram duas, com ciúmes, votaram contra a proposta dele.
Cinderela para se entreter decidiu escrever um livro, que depois publicou, com o título de “as singularidades de uma labreguinha morena”, sendo que, usou o dinheiro dos lucros, para comprar um portátil que usou, exclusivamente, para escrever.
O Padre Amaro tinha ainda uma fábrica de queijos; cansado do cheiro a Ovelha, vendeu a fábrica à Diocese, que pretendia continuar a actividade e alarga-la produzindo queijinho do céu! O negócio foi feito oralmente, sem cuidar de avisar o Ambrósio, que tinha comprado aquele edifício com o dinheiro ganho na publicidade do Ferrero Rocher.
 O pagamento foi feito com dois cheques da Diocese, cujo pagamento foi garantido por um Rabino. Um dos cheques tinha a data de hoje e um com data de 29 de Fevereiro! Ganancioso, Amaro, foi ao Banco e exigiu o pagamento de ambos. Mas teve azar! Ambos vieram devolvidos por falta de provisão.