Thursday, July 05, 2012

Caso 71


João António gritava mudo de uma indignação pueril! Sentia-se profundamente angustiado, agastado e muitos mais adjectivos que ele desconhecia o significado, mas por certo que significavam algo premente e com toda a certeza que ele se sentia assim. Ou não, porque isto dos sentimentos é sempre demasiado complexo para se entender. João António estava desempregado, esclarecemos, porquanto há substantivos que nenhum adjectivo é suficientemente forte para esclarecer! O antigo patrão de João tinha gasto todo o seu dinheiro em álcool e mulheres malucas e a sua empresa deixou de honrar os seus compromissos, deixando arrastar dívidas; as coisas ainda pioraram quando o antigo patrão de João vendeu dois imóveis a uma dessas mulheres malucas, por um valor obscenamente baixo.
Mas João António não era rapaz para deixar que a vida o derrubasse; logo que a conjuntura lhe roubou o emprego, foi ao centro da europa três vezes, para três vezes comprar carros, que revendeu cá com lucro; cansado das viagens, dedicou-se ao mundo das reparações e montou uma empresa de reparações ao domicílio; a empresa era designada por “Faço Maravilhas na Sua Casa” e João designava-se de “Tenho um jeito para trabalhos manuais que o vai deixar em êxtase”. A empresa localizava-se num armazém, com uma renda tão barata que fazia rir trombudos! Os negócios floresciam, mas João sentia-se entristecer, porque carregava consigo um segredo que o consumia e roubava o sorriso; estava apaixonado por um rapaz de gestão e escondia do mundo esse amor, pelo preconceito estupido de quem vê na diferença um defeito. Um dia, depois de uma tarde de amor em que era suposto estudar Direito, decidiram fugir e viver para um sítio paradisíaco; para conseguirem dinheiro, João vendeu a sua empresa a Ernesto, sendo que, cedeu os direitos no contrato de locação a Asdrubalino, para desgosto do seu senhorio.
Para comemorarem a decisão, João foi ao site www.kualkerkoisa.kom e comprou uma roupa toda em licra, linda de morrer, para oferecer ao seu amado; após usar um ou dois dias, decidiram que era melhor devolver a roupa, porque aquele era um tom de cor-de-rosa, absolutamente fora de moda.
Quando João vendeu a empresa a Ernesto, este entregou-lhe um documento, onde se obrigava ao pagamento de uma quantia a determinar, após uma auditoria, que iria estabelecer o valor final do negócio, sendo que, Anicleto, era garante do pagamento; acontece que, o maroto do aluno de gestão, ao ver o documento, falsificou a assinatura do namorado e endossou o título para si, depois transmitiu-o para o ingénuo Bernardo Maria, colocando no documento um valor muitíssimo acima do combinado. Bernardo, está aflito de preocupação questionando a validade do documento, quem são os seus devedores e qual o montante em dívida.
Quid Juris

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