Tuesday, February 07, 2012

Caso 68


Era uma vez um lobo mau. As pessoas questionam muitas vezes porque é que as histórias começam por “era uma vez”, mas, esquecem-se que a razão é óbvia, ou seja, ninguém poderia escrever um texto cujo início fosse “eram duas vezes um lobo mau”! Excepto se o autor das linhas estivessem alcoolizado o que lhe provavelmente justificaria que estivesse a ver duas vezes o mesmo lobo. Mas, seja uma ou duas vezes, a verdade nua, crua e bruta é que o lobo mau era o chefe da floresta, uma espécie de Zé Camarinha do bosque, o zeloso zelador da mata, um apaixonado pela homogeneidade, que obriga as árvores a terem todos o mesmo tamanho, as mesmas folhas com o mesmo tom, cortando aquelas que se destacavam no horizonte! Admite-se que o comportamento do lobo mau está relacionado com o fato de passar o dia a perseguir a Capuchinho Vermelho e no fim da história comer a avozinha!
Um destes dias a Branca de Neve sentou-se exausta num banco de madeira, queixando-se da vida e dos impostos, agastada com o aumento do IVA, que lhe ia destruir o negócio: como o meu bom aluno sabe, a Branca tinha sete putos para alimentar, pelo que, para ganhar dinheiro, fazia na sua cozinha um deliciosos bolos conventuais alentejanos, que vendia para os melhores restaurantes da região, sendo que, os bolos eram designados por “deliciosos bolos conventuais alentejanos”.
Mas, mais que o IVA, o que inquinava a alegria da Branca de Neve era a labreguinha da Capucinho Vermelho, uma verdadeira sonsa, que o meu bom discente me permite o adjectivo, que, não apenas lhe roubou o namorado, como abriu uma casa de chá onde também servia doces alentejanos. A casa de chá situava-se numa retrosaria centenária, que o Pato Donaldo trespassou para o Capucinho Vermelho, sem cuidar de avisar o Tio Patinhas, esse terrível sovina que era o dono do imóvel. A casa de chá denominava-se de Antro das Calorias e ela para se identificar usava a expressão Gosto mais de ti do que de espinafres!
No dia da abertura ao público da casa de chá, a Capuchinho Vermelho ficou tão feliz, que foi passar um fim-de-semana de férias a Barcelona com o Gato das Botas, para fazer coisas que não posso contar confessar num teste, porquanto, sou rapaz tímido e porque não acho que se deva comentar em público as badalhoquices que fazem em privado! Nesta viagem gastou os bilhetes de avião, a estadia no hotel, comprou um ipad e uns comprimidos para a dor de cabeça.
Quando regressou, Capuchinho quis comprar o novo Beetle, convencida que desta forma conseguia que o Pato Donaldo se apaixonasse por ela; para tanto, entregou à empresa que lhe vendeu o carro um documento, cujo pagamento era garantido pela sua prima, a Bela Adormecida, em que se comprometia a pagar uma quantia a determinar posteriormente, porquanto, ela quis todos os extra possíveis para embelezar ainda mais o carro!  O drama é que o dono do Stand, Gato das Bocas, tinha uma relação extraconjugal com o Pica Pau Amarelo, pelo que, combinaram, transmitir-lhe o título após apor-lhe o dobro do valor acordado. Enquanto festejavam, embriagados, apareceu o Coelhinho e depois de os levar de comboio ao circo, roubou-lhes o título, falsificou a devida assinatura e transmitiu-o à ingénua Barbie que, confusa com tanto nome, não faz a menor ideia de quem lhe deve pagar aquele valor.
Enquanto isso, algures nesta obscura floresta, alguns animais procuravam ser sérios no seu trabalho… 

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