Saturday, September 28, 2013

Caso 76


Todas as histórias de amor tem uma banda sonora, porque não há amor verdadeiro sem que quando nos beijamos estejamos a ouvir a nossa canção. No silêncio da paixão. Tolstoi ensinou-nos todas as famílias felizes são iguais; as famílias infelizes o são cada uma à sua maneira. E a nossa história começou como nenhuma deve começar, envolta em pecado, em mentiras, rodeadas de medos e incertezas. Mas, se calhar, todas as verdadeiras histórias de amor começam assim. Mas só algumas duram para sempre. E desde aquele primeiro dia percebi que havíamos de engordar juntos. E passear na nossa praia ao fim da tarde ...
Ela dedicava-se a plantar e vender as flores mais lindas do Alentejo e ganhava imenso dinheiro com isso. Vendia também as flores na Internet e ficava tristíssima quando alguns clientes insistiam em devolver as flores.
 Amâncio tinha uma Rent a Car, identifica-se com a denominação de Alugo carros mais lindos que o amor e a empresa denominava-se de Papoilas Amarelas, em honra da mulher amada.
Um dia fartou-se e fez um negocio com Ernesto através do qual lhe vendeu a empresa, para desgosto de Adalberto, seu senhorio, que chorou de tristeza porque gostava de ter sido dono desta empresa.
Com o dinheiro deste negócio, Amâncio, arranjou três sócios e constituíram a Estou sem Imaginação, Lda, em que o gerente era Francisca, invisual, sendo que os quatro sócios tinham iguais quotas, ainda que um deles tenha entrado para a sociedade com um imóvel. Sendo que ainda se obrigou a ceder gratuitamente um carro durante um ano. Um ano depois, foi exigido a cada um dos sócios mais 5000 Euros, para financiar a sociedade.
Como Amâncio não tinha este capital, pediu o dinheiro emprestado à sua amada; para tanto, aceitou uma ordem de pagamento em que se obrigava a pagar, sendo que Amaral garantiu o pagamento; como o valor estava em branco, Fernando, um grande vigarista, roubou-o, falsificou a assinatura do portador e transmitiu o título ao ingénuo Xavier, depois de lhe apor o dobro do valor, para angústia do obrigado ao pagamento, que se recusou a pagar.
Quid Juris 

Wednesday, July 31, 2013

Caso 75



Capuleto  tinha o charme obesos dos homens ricos  e era o patriarca indolente de uma família que adorava pavonear-se pelas festas mais elitistas, viciado em iguarias finas e vinhos raros, vivia com a tranquilidade aristocrata de quem tinha fortuna, pelo que passaria incólume pelas troikas desta vida. A sua vida fluía feliz, até o palacete do fundo da rua ter sido adquirido por Montecchio, que desde o primeiro dia se tornou o ser arqui-inimigo, por razões que a própria razão desconhece ou, mesmo que as conheço, não cabem na nossa história.
Montecchio era igualmente imponentemente rico, mas era um self made man, que gastava numa imensa panóplia de futilidades. Uma dessas frivolidades foi comprar uma loja de roupa para a sua esposa, cujo nome era Chanel. Mas para a Senhora Capuleto todas as paixões eram efémeras, pelo que, rapidamente se enjoou desta sina de ser empresária e vendeu o estabelecimento a Rosalina, pretendente do seu filho, para grande tristeza do Boticário, que queria porque queria, ficar com a Chanel para ele, uma vez que o estabelecimento estava situado num imóvel que lhe pertencia.
Rosalina decidiu inovar e começou a vender a roupa também na internet. Julieta comprou-lhe um lindo vestido para usar numa festa na sua casa; a festa onde conhece Romeu, que tinha ido sido persuadido a ir ao covil dos inimigos na esperança de ver Rosalina, mas ao ver Julieta de vestidinho branco, astutamente decotado, perdeu-se de amores e percebeu que o seu futuro era engordar junto dela. Quando conseguiram escapulir-se dos olhares vigilantes, encontraram-se na varanda, Julieta declarou-se e decidem casar, apesar do ódio que unia as suas famílias. Romeu apenas impõe uma condição: que ela devolvesse o vestido que comprou na Internet, porque era demasiado sensual para uma labreguita que agora estava noiva. E ela fê-lo, porque no tempo de Romeu e Julieta as mulheres ainda eram obedientes.
A festa foi organizada por uma empresa, cujo logótipo era Prada, que como pagamento recebeu dois títulos de crédito, com datas de Fevereiro e Abril, cujo pagamento era garantido pelo Páris, nos quais Teobaldo se obrigava a pagar. Aproveitando o facto de um dos títulos estar sem valor, a empresa colocou o dobro do que tinha direito e passou o título ao ingénuo Frei Lourenço, que pretende receber já o pagamento, para pagar as obras na Igreja.
Aquele empresa dedicava-se a vender direitos reais de habitação periódica e desenvolveu uma eficaz técnica de marketing que consistia em persuadir os potenciais compradores a passar um fim-de-semana junto ao mar, para depois os fecharem numa sala sombria, até os persuadirem a assinar os documentos de compra.
E depois Julieta fingiu morrer, Romeu morreu mesmo e ela depois também morreu, não viver felizes para sempre, as famílias fizeram as pazes no leito de morte e o coro esganiçado cantou “Jamais história alguma houve mais dolorosa, do que a de Julieta e a do seu Romeu”
Quid Juris

Caso 74



Clementina nasceu com cara de pêssego, razão pela qual foi vítima de crueldades intoleráveis durante o longo inverno do ensino secundário; até ao dia em que se tornou mulher, se encheu de curvas e contracurvas, umas pernas que eram retas infindáveis e nunca mais teve de se preocupar com o aspeto peculiar do seu rosto, porque os seus outros atributos sobejavam para atrair a atenção alheia. Por isso, depois de uma adolescência infeliz, tornou-se numa adulta com uma vida de sonho!
O seu desafogo financeiro tinha como substrato uma propriedade agrícola onde cultivava fruta, sendo que, toda a sua produção era vendida a Asdrubalino, que a distribuía no seu  supermercado gourmet.
As frutas eram designadas por Ouro Alentejano, sendo que o supermercado tinha o nome de Pinga Docita!
Mas um dia Asdrubalino fartou-se desta triste vida de trabalhar, apaixonou-se por Clementina e decidiram ir um ano para as Maldivas dedicar-se à apanha do bronzeado, sendo que, antes de partir, celebrou com Berengária um contrato em que lhe cedeu a exploração do estabelecimento por três anos; este contrato foi feito verbalmente, sem que o senhorio tenha sido informado.
Poucos dias depois, Berengária criou com Dália a BerenDália, Lda, sendo que esta entrou com 15000€ e Berengária com o direito de exploração do supermercado, tendo ainda obrigando-se a emprestar por 3 anos, três carros à sociedade, cujo gerente era Crisóstomo, que desde há anos também geria outro supermercado!
Numa Assembleia Geral onde apenas Dália esteve presente, deliberou-se comprar um imóvel para a sociedade. Como pagamento, Crisóstomo aceitou um titulo de crédito, no qual a sociedade se obrigava a pagar 100.000€ a Jerónimo, sendo que, os sócios, garantiram este pagamento. Jerónimo que não percebe nada de títulos de crédito, transmitiu-o a Joaquinzinho, que está tão confuso, que não sabe quem deverá pagar este título.
Por isso mesmo, comprou na Internet um vestido de noiva, por razões que tenho pudor de contar: usou o vestido durante dez dias, realizou fantasias, taras e manias e, mais tarde, fartou-se do vestido e pretende ser ressarcido!
Quid Juris