Thursday, March 30, 2006

Caso 6

Finalmente os primeiros raios de sol davam brilho à manhã de primavera. Kirina soerguia-se no veículo para contemplar o azul do Tejo, que espalhava pelo horizonte os luminosos raios de sol. Quando os seus olhos se cruzaram no espelho não deixou de ver um leve brilho, tendo sorrido ao pensar no efeito que o nascer do sol tem nos espíritos humanos. Por momentos, enquanto contemplava o horizonte, conseguiu esquecer todos os seus tormentos.

A triste história de Kirina começou a desenhar-se quando guiada pela ambição quis expandir o seu estabelecimento comercial de roupa feminina “Prazeres Secretos”, no qual vendia algumas peças de roupa que ela própria elaborava. Para conseguir as expandir os seus produtos, fez um acordo com Lúcio, através do qual este se obriga a celebrar negócios jurídicos na zona norte do País, entre ela e os diversos comerciantes daquela zona.

Durante os quatro anos em que este acordo durou os Prazeres Secretos tornaram-se conhecido em quase todo o país, quadruplicando as vendas.

Fascinada com o sucesso, continua a expansão, mas através de uma diferente estratégia. Termina a relação contratual com Lúcio, uma vez que o prazo do acordo havia expirado, sem lhe pagar qualquer compensação económica e contacta diversos comerciantes com o intuito de estes abrirem estabelecimentos comerciais, de acordo com as indicações de Kirina, mantendo o estilo dos Prazeres Secretos.

Pensou Kirina que esta estratégia seria excepcional, uma vez que não realizava qualquer investimento e ainda recebia algum dinheiro pela abertura de cada um dos novos estabelecimentos. Maravilhada, investe todo o capital que angariou numa gigantesca campanha de marketing.

Provavelmente foi este o seu maior pecado. Após esta campanha, deixou de ter capacidade para pagar aos credores, acumulando rapidamente dívidas incomportáveis. Num último fôlego, doou todos os seus bens ao seu pai, na convicção de impedir que os credores os atacassem.

Mesmo estes reveses não abalaram a confiança de Kirina, que rapidamente se aventurou em novo negócio, a compra e venda de artesanato. Para adquirir cem tapetes de Arraiolos, assinou um documento em que o vendedor Constâncio lhe imponha que pagasse a quantia em dívida a Pedro Leite, que só aceitou o documento após a garantia dada pelo pai de Kirina.

Pedro Leite apressou-se a passar o documento a Costa. Este, na data que constava no documento para o seu pagamento, procurou sem sucesso Kirina que, no dia anterior se havia refugiado em Palma de Maiorca.

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