Era uma casa, muito engraçada, não tinha teto, não tinha nada, ninguém
podia, entrar nela, não, porque na casa, não tinha chão, ninguém podia, dormir
na rede, porque na casa, não tinha parede, ninguém podia, fazer pipi, porque
penico, não tinha ali, mas, não obstante tudo isso, era onde morava os
Esteves sem Metafísica, que acreditava que se podia viver apenas de amor. E ele
amava terrivelmente uma peste quase suína que o estava a dilacerar pelas
entranhas. Mas mesmo não correspondido, evocava esse amor, porque sabia que
amar a pessoa errada era melhor do que não amar e por certo, bem melhor do que
falecer.
Ela chamava-se Prantelhana e
tinham-se conhecido há uns meses, quando esta lhe cedeu a exploração, por
contrato oral, a Tabacaria, para desgosto de Hermenegildo que era o
proprietário do imóvel e acalentava o sonho de um dia ser dono da Tabacaria
imortalizada por Álvaro de Campos. A Tabacaria chamava-se “Come Chocolates,
Pequena” e atualmente vendia uns charutos, fabricados na própria tabacaria, que
eram designados por “Roles Roice”.
A primeira coisa que o nosso
herói fez, no final do primeiro dia da
sua sua vida, foi comprar uma sanita azul celeste. E papel higiénico com
cornucópias.
Para realizar o pagamento o
Esteves sem Metafísica deu uma ordem ao seu banco para pagar uma importância a
determinar, depois de realizado um inventário. Sucede que a sua Prantelhana,
que nunca foi sua e o atormentava com outros nomes, de outros homens, que a
possuíam ser amor nem respeito, colocou o dobro do valor acordado e transmitiu
o título a um seu compincha, cúmplice
na falcatrua. Este, que se chamava Leonardo Quintal, logo que se apossou do
título, foi comprar um carro topo de gama, amarelo florescente, lindo como as
coisas feias. Confrontado com o valor a pagar, Esteves sem Metafísica chorou
lágrimas de tristeza, impotente para pagar aquele valor.
Porque Esteves sem Metafísica não
sabia soletrar desistir, juntou-se à sua prima Matrafona e criou a Que bela
maneira de passar um sábado à tarde, Lda, com o desiderato de fabricar
charutos. Ela entrou com 10 Euros e ele com o direito de explorar a Tabacaria.
Para comemorar, a empresa comprou um carro topo de gama, verde florescente,
lindo como as coisas feias, para oferecer à avô deles, que completava 100 anos
e sonhava em conduzir até Papua-Nova Guiné.
Quid Juris
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