Wednesday, July 31, 2013

Caso 75



Capuleto  tinha o charme obesos dos homens ricos  e era o patriarca indolente de uma família que adorava pavonear-se pelas festas mais elitistas, viciado em iguarias finas e vinhos raros, vivia com a tranquilidade aristocrata de quem tinha fortuna, pelo que passaria incólume pelas troikas desta vida. A sua vida fluía feliz, até o palacete do fundo da rua ter sido adquirido por Montecchio, que desde o primeiro dia se tornou o ser arqui-inimigo, por razões que a própria razão desconhece ou, mesmo que as conheço, não cabem na nossa história.
Montecchio era igualmente imponentemente rico, mas era um self made man, que gastava numa imensa panóplia de futilidades. Uma dessas frivolidades foi comprar uma loja de roupa para a sua esposa, cujo nome era Chanel. Mas para a Senhora Capuleto todas as paixões eram efémeras, pelo que, rapidamente se enjoou desta sina de ser empresária e vendeu o estabelecimento a Rosalina, pretendente do seu filho, para grande tristeza do Boticário, que queria porque queria, ficar com a Chanel para ele, uma vez que o estabelecimento estava situado num imóvel que lhe pertencia.
Rosalina decidiu inovar e começou a vender a roupa também na internet. Julieta comprou-lhe um lindo vestido para usar numa festa na sua casa; a festa onde conhece Romeu, que tinha ido sido persuadido a ir ao covil dos inimigos na esperança de ver Rosalina, mas ao ver Julieta de vestidinho branco, astutamente decotado, perdeu-se de amores e percebeu que o seu futuro era engordar junto dela. Quando conseguiram escapulir-se dos olhares vigilantes, encontraram-se na varanda, Julieta declarou-se e decidem casar, apesar do ódio que unia as suas famílias. Romeu apenas impõe uma condição: que ela devolvesse o vestido que comprou na Internet, porque era demasiado sensual para uma labreguita que agora estava noiva. E ela fê-lo, porque no tempo de Romeu e Julieta as mulheres ainda eram obedientes.
A festa foi organizada por uma empresa, cujo logótipo era Prada, que como pagamento recebeu dois títulos de crédito, com datas de Fevereiro e Abril, cujo pagamento era garantido pelo Páris, nos quais Teobaldo se obrigava a pagar. Aproveitando o facto de um dos títulos estar sem valor, a empresa colocou o dobro do que tinha direito e passou o título ao ingénuo Frei Lourenço, que pretende receber já o pagamento, para pagar as obras na Igreja.
Aquele empresa dedicava-se a vender direitos reais de habitação periódica e desenvolveu uma eficaz técnica de marketing que consistia em persuadir os potenciais compradores a passar um fim-de-semana junto ao mar, para depois os fecharem numa sala sombria, até os persuadirem a assinar os documentos de compra.
E depois Julieta fingiu morrer, Romeu morreu mesmo e ela depois também morreu, não viver felizes para sempre, as famílias fizeram as pazes no leito de morte e o coro esganiçado cantou “Jamais história alguma houve mais dolorosa, do que a de Julieta e a do seu Romeu”
Quid Juris

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