Thursday, February 24, 2011

Caso 57

Era uma vez o Capuchinho Vermelho, mais a Branca de Neve, a Bela Adormecida e uma menina de nome Ana, que estavam em casa a jogar poker. Lá fora, estava um calor desumano e o Lobo Mau estava à espreita, triste, solitário e agitado!
Contemplava a lua e as lágrimas lavam-lhe a cara, numa corrente de sofrimento: a sua noiva, Cinderela de seu nome, dois dias antes do casamento, declarou-lhe que não o amava, que estava perdidamente apaixonada por um dos irmãos Metralha.
Cinderela era uma conhecida empresária, proprietária de uma agência mortuária! Comprou-a dois anos antes a Bela Adormecida, sendo que Cinderela identificava-se por Cinderela sucessora da Bela Adormecida, Empresa das horas finais. Como era empreendedora e tinha queda para a carpintaria, Cinderela começou a fabricar caixões que denominou “casinha para a eternidade”!
Cinderela, que também vendia através da Internet, recebeu uma carta de um cliente, que queria devolver um caixão, sem explicar a razão: ela ficou muito triste, porque o caixão era lindo e tinha desenhada a fotografia do falecido, conforme lhe tinha sido solicitado!
Para comprar o imóvel onde ia instalar uma nova fábrica, Cinderela precisou de financiamento;  para tanto, criou um título de crédito, onde prometia pagar, um valor a determinar ao Capuchinho Vermelho, sendo que a Bela Adormecida garantiu que pagava, em caso de incumprimento. Posteriormente o portador do título, após colocar lá o dobro do valor, transmitiu-o ao Capuchinho Vermelho, que corou de alegria, antes de o voltar a transmitir à Avozinha!
Que está desesperada, sendo que a culpa não é do Lobo Mau. O seu desespero deve-se ao facto de Cinderela ter fugido do País e de temer que ninguém lhe pague o valor que consta do título!

Caso 56

           Calcorreando a cidade no silêncio cúmplice da noite, contemplando a lua deslumbrante que iluminava a noite, oferecendo companhia à solidão, vestindo o seu fato preto com gravata de luto, Arquimedes meditava sobre a relevância das novas tecnologias para a consolidação da democracia participativa, enquanto no iphone ouvia o melhor das baladas do Tony Carreira!
Arquimedes era sobretudo um pensador, um poeta um sonhador, mas muito dado a muitos amores, pai de quatro petizas, casado em várias núpcias, alimentava-se de literatura, mas tinha a simplicidade de saber que o corpo é tão importante como mente, pelo que, para pagar as contas das suas várias casas, era dono da Imobiliária “não vá mais longe que eu tenho aqui o que precisa”, sendo que, para se identificar, usava a expressão “Arquimedes, o mago da venda de casas e afins”!
Quando casou Constância, a sua filha mais nova, com Hermenegilda, uma linda camionista, Arquimedes decidiu ir viajar pelo mundo, realizando com Adalberto um contrato, através do qual este iria ficar a gerir o estabelecimento durante um ano e doze dias. Arquimedes queria aproveitar as coisas simples da vida, pelo que levou consigo apenas uma mochila com os seus melhores fatos italianos, o portátil, o telefone topo de gama, os cartões de débito e crédito, a máquina eléctrica para lavar os dentes, a da barba, o gps, a máquina fotográfica digital e todas as outras coisas absolutamente essenciais!
Por falar nisso, Arquimedes teve de adiar a viagem um dia, porque comprou uma máquina digital nova, a um vendedor que foi à sua empresa, pretendendo desistir dez dias depois, porquanto a máquina é amarela e ele que é discreto, prefere uma em tons de verde!
Para pagar a viagem, Arquimedes entregou ao vendedor um título de crédito, sacado sobre o Banco “Banco mais Banco não há”, sendo que, por não saber quantos meses iria durar, ficou omisso o valor! Adalberto, o vendedor, transmitiu o título a Garibaldi, após colocar-lhe dez vezes mais do que devia; como combinado, o valor em excesso iria ser dividido entre Adalberto e Garibaldi!

Caso 55

Sentado na sua secretária, mais concretamente, sentado na cadeira amarela frente à secretária, olhando a tela vazia do computador, um pobre coitado pensa, repensa, medita e cogita: que raio vou fazer para estragar o fim-de-semana a quem tem de tentar resolver este caso prático! Ainda por cima, logo pela manhã, quando entrei aqui, reparei… bem, esta parte será melhor não confidenciar!
Porque está um calor irracional, pelo facto de ser generoso e me preocupar com o bem estar alheio, decido fazer um caso complicadíssimo, de forma a que tenham de passar estes dias fechados em casa e dessa forma, protegidos dos raios ultra violetas!
Vamos chamar-lhe Vuvu, apelido fofinho à nossa heroína; sem entrar em detalhes sórdidos, conta-lhe apenas que o ano passado foi considerada insolvente pelo Tribunal, por razões que fico corado só de pensar! Mas esquecemos o passado e falamos do futuro: porque precisa de trabalhar, Vuvu vai dedicar-se à pastorícia, criando cabras! Roubou a ideia ao seu ex-namorado, que fez fortuna num ramo análogo de actividade!
Para começar a angariar clientes, durante um ano vendeu as cabras mais baratas do que as comprava, sendo que, também as vendia através da Internet! A coisa corria bem, até que começou a correr mal: um dia vendeu pelo site 20 cabras a Hermenegildo, que dez dias depois as devolveu, porque as achou demasiado feias! Furiosa, decidiu não as aceitar de volta.
Mais. Pensou na sua vida e decidiu fugir para a Jamaica. Como não tinha muito dinheiro, aproveitou o facto de ter um título de crédito aceite por Hermenegildo, sem a menção do valor, mas avalizado por Jerónimo, escreveu no título cinco vezes mais do que o valor acordado e transmitiu-o a Vivi, sua companheira, cúmplice, namorada e amiga íntima! No dia do vencimento, Vivi quis exigir o pagamento do título: mas ignora quem tem de lhe pagar o dito cujo. Ajude Vivi a ser desonesta e a viver o seu amor com Vuvu na Jamaica!