Thursday, February 24, 2011

Caso 56

           Calcorreando a cidade no silêncio cúmplice da noite, contemplando a lua deslumbrante que iluminava a noite, oferecendo companhia à solidão, vestindo o seu fato preto com gravata de luto, Arquimedes meditava sobre a relevância das novas tecnologias para a consolidação da democracia participativa, enquanto no iphone ouvia o melhor das baladas do Tony Carreira!
Arquimedes era sobretudo um pensador, um poeta um sonhador, mas muito dado a muitos amores, pai de quatro petizas, casado em várias núpcias, alimentava-se de literatura, mas tinha a simplicidade de saber que o corpo é tão importante como mente, pelo que, para pagar as contas das suas várias casas, era dono da Imobiliária “não vá mais longe que eu tenho aqui o que precisa”, sendo que, para se identificar, usava a expressão “Arquimedes, o mago da venda de casas e afins”!
Quando casou Constância, a sua filha mais nova, com Hermenegilda, uma linda camionista, Arquimedes decidiu ir viajar pelo mundo, realizando com Adalberto um contrato, através do qual este iria ficar a gerir o estabelecimento durante um ano e doze dias. Arquimedes queria aproveitar as coisas simples da vida, pelo que levou consigo apenas uma mochila com os seus melhores fatos italianos, o portátil, o telefone topo de gama, os cartões de débito e crédito, a máquina eléctrica para lavar os dentes, a da barba, o gps, a máquina fotográfica digital e todas as outras coisas absolutamente essenciais!
Por falar nisso, Arquimedes teve de adiar a viagem um dia, porque comprou uma máquina digital nova, a um vendedor que foi à sua empresa, pretendendo desistir dez dias depois, porquanto a máquina é amarela e ele que é discreto, prefere uma em tons de verde!
Para pagar a viagem, Arquimedes entregou ao vendedor um título de crédito, sacado sobre o Banco “Banco mais Banco não há”, sendo que, por não saber quantos meses iria durar, ficou omisso o valor! Adalberto, o vendedor, transmitiu o título a Garibaldi, após colocar-lhe dez vezes mais do que devia; como combinado, o valor em excesso iria ser dividido entre Adalberto e Garibaldi!

No comments: